sexta-feira, 29 de junho de 2007

Existe algo mais doce que uma criança?

Existe algo mais doce que uma criança?

Na última quarta, recebi uma das minhas melhores notícias acadêmicas, cheguei à Emergência Pediátrica e, enfim, meu estágio poderia ser iniciado. E, melhor ainda, naquela mesma hora. Coloquei meu jaleco, peguei meu estetoscópio e iniciei meu trabalho. Foi uma das experiência mais incríveis que vivi na Medicina, quase tão incrível como na minha primeira anamnese, experiência que conto a seguir.

Conversei com várias crianças e mães, e não há nada mais gratificante do que ver o sorriso estampado no rostinho daqueles seres tão especiais. Um garotinho com suspeita de Síndrome Cerebelar divirtiu-se muito ao me ver desenhar bolinhas em meu pequeno bloquinho de anotações. Alías, falando em bloquinhos, podem ir se acostumando a me ver escrever no diminutivo, é uma mania de Pediatra (e futuros pediatras) que possivelmente carregarei, sem vergonha, por toda a vida. Voltando ao menino das bolinhas, pude notar o quanto pequenas coisas alegram uma criança. Aliás, esse é meu maior objetivo na Medicina, levar uma palavra de esperança, de alegria. Pois existe um momento em que os recursos médicos terminam, mas a alegria, a esperança, a fé não tem limites, e é isso que também quero repassar aos meus pequenos pacientes.

Esse assunto me lembra de um menininho da emergência, ele não me deixava de modo nenhum examinar o seu abdome, conversei, pedi, supliquei e nada. Mas tudo bem, convencer um menino de que uma desconhecida deve mexer em sua barriguinha não é nada fácil. E sua mãe, vendo uma gravura na sala, me contou que ele ama pipas, e foi aí que desenhei uma pipa para ele. Fiquei até com vergonha, sou uma péssima desenhista. Mostrei a ele, ele sorriu timidamente, continuamos o atendimento.

A mãe e o pequeno foram tirar uma radiografia de tórax, soubemos pela mãe que esse menino tem uma doença chamada Fibrose Cística. É uma enfermidade muito grave e o portador possui uma baixa expectativa de vida. Fiquei olhando aquele menino, tão pequeno e com uma doença tão difícil. Mais tarde, quando ele ia embora, vi que segurava com as duas mãos o desenho que fiz para ele. Carregava como se fosse algo importante, pois é, talvez até tenha sido. Isso me emocionou na hora, pude ver o quanto pequenas ações, para uma criança, são tão significaticas. Ficou como uma lição, fazer uma criança feliz é algo tão simples, e é isso que quero em minha profissão, cuidar do corpo e do "coração" desses pequeninos, tão especiais para mim e tão especiais para DEUS.

"Jesus, porém disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o Reino dos Céus." Mateus 19:14


Natalia Wanick

Nenhum comentário: