No entanto, hoje quero falar sobre um trecho, no qual, o autor conta que, ao se mudar para Suécia, costumava pegar carona todos os dias com um colega de trabalho. E, ele sempre estacionava numa vaga distante da entrada da empresa e eles sempre tinham que caminhar um percurso razoável, muito embora tivessem vagas mais próximas.
Após um tempo, e com uma maior intimidade, o novato questionou esse colega, por que afinal estacionava tão distante se haviam vagas mais próximas, teriam todos lugares reservados? Qual foi a sua surpresa quando respondeu que não haviam locais marcados, mas como chegavam cedo, tinham tempo para caminhar, e os outros colegas que chegassem mais tarde não disporiam do mesmo tempo e por isso seriam mais interessante para eles estacionarem mais perto da porta.
Confesso que ao ler essa história mes senti até um pouco contrangida, não somos habituados a essa cultura civilizada, não diria nem que eles possuem algo de especial, o problema está em nossa cultura. Fico irritada ao ouvir frases do tipo:
"Fulano tem muitas qualidades, é honesto, educado, leal, sincero."
Como assim qualidade? A frase mais correta seria:
"Fulano é gente, por isso é honesto, educado, leal, sincero."
É fato: nossos valores estão invertidos, totalmente. E, quanto ao egoismo, está ainda mais acentuado. O "eu" tomou conta das pessoas, o amor ao próximo já foi esquecido há tempos, amar ao próximo como a si mesmo então, nem se fala. O raciocínio é: levar vantagem em tudo. E, com isso, as pessoas perderam a empatia, ou seja, sentir o que o outro está sentindo.
Para minha mais profunda vergonha, foi transmitido em rede nacional uma reportagem do meu querido Estado, o Espírito Santo. Na reportagem, falava-se de como as pessoas não respeitavam os lugares reservados nos ônibus. Nisso, mostraram uma cena, ao meu ver, repugnante: uma senhora grávida de 7 meses em pé, num ônibus lotado, e, sentada ao seu lado, um jovem mulher. Quando questionada sobre o motivo pelo qual não cedeu lugar para a gestante, em cadeia nacional respondeu:
"Fiquei mais de uma hora esperando o ônibus, não vou viajar em pé."
Como assim não vai viajar em pé? Vai deixar uma grávida corrento o risco de, num movimento mais brusco, prejudicar o curso normal de sua gravidez? A resposta da grávida à entrevistada foi:
"O dia dela chegará!"
Quer dizer que é assim? A dor só é sentida quando está em mim. Só essa pequena cena já explica muita coisa.
Para finalizar, na segunda ainda ouvi uma outra história no hospital. Um médico estava atendendo a uma advogada com pneumonia tuberculosa, ainda numa fase contagiosa. Precisava ficar internada, isolada até que não transmitisse mais a doença. No entanto, após insitir e garantir ao médico que ficaria isolada em sua casa e não sairia em hipótese alguma, ele, conhecendo-a, deu-lhe alta. No final de semana seguinte, encontrou essa advogada nas Lojas Americanas, lotada, fazendo compras. Brigou com ela e a mandou imediatamente para casa.
Essa advogada era uma pessoa plenamente esclarecida sobre o risco de transmitir a doença, e mesmo assim saiu e, provavelmete contagiou alguém. Esse é o retrato da nossa sociedade. Afinal, ela realmente precisava fazer compras, e não importava que alguém pudesse perder a vida em virtude disso.
"E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim." Mateus 24:12-14